seria performar e ter pressa o novo normal?
a resposta é sim, por isso precisamos pensar sobre o preço que corpos e mentes estão pagando
a quarta-feira passada começou intenso no meu Instagram. e não foi porque esta acompanhando alguma treta pública ou resolvendo algum BO. antes das 8h eu já estava conversando com pessoas diferentes sobre assuntos conectados.
antes de seguir, quero comentar um negócio: eu vejo muitas pessoas falando em ‘sair da internet e do celular pra viver a vida real’. discordo. não dá pra dizer que as amizades que conquistei, os trabalhos que fiz, as relações legais que construí através dos canais sociais e a proximidade que mantive com quem foi morar longe não são reais. tudo isso faz parte da minha vida real, sim. acho mais justo pensar que precisamos ‘sair da internet e do celular pra viver o momento presente com quem está ao nosso lado’.
sim, estamos focando em um ritmo de desempenho que adoece
bem, bora pra conversa oficial dessa news. tudo começou nesse stories:
a partir dele, conversei com um amigo sobre culto à performance e o quanto ele nos adoece. terminei a conversa mandando fotos das páginas de A sociedade do cansaço pra ele, porque é isso:
saímos da sociedade disciplinar do Foucault, determinada pela negatividade da proibição (muitas regras vetando, dizendo que não podemos e, claro, punindo quem descumpre), pra viver, no século XXI, a sociedade do desempenho. assim, ao invés de sujeitos da ‘obediência’, nos tornamos sujeitos do ‘desempenho e produção’.
sob a regra do yes, we can, vivemos com um olhar positivo de quem tem poder ilimitado, tudo pode, tudo faz, tudo conquista. e aí, ao invés de sermos os desajustados e deliquentes que desobedecem à sociedade disciplinar, nós fracassamos e deprimimos e adoecemos mais sob o imperativo do desempenho - temos que performar tal qual o sujeito de sucesso da rede social e, como nunca chegamos lá, por mais que façamos, caímos.
em paralelo, já estava conversando com uma amiga sobre esse post que vi nos stories da Thais Godinho e que me deu uns três tapas na cara enquanto eu tomava meu café com leite.
ajudar demais, estar sempre presente e disponível, fazer mais do que deveria, não querer desagradar, deixar-se pra trás em prol das necessidades dos outros… pode não parecer, mas tudo isso faz parte dessa performance de desempenho que nos é infligida.
aí, pra arrematar, vi e compartilhei com ela esse outro post:
deixa eu destacar o texto do segundo card, já que não consigo compartilhar com o thumb nele:
áudio acelerado.
mensagem lida e respondida na hora.
almoço correndo.
feed rolando rápido.
a gente acelera tudo.
pra caber mais. pra dar conta.
pra não falhar.
eu (ainda) me recuso a acelerar áudios, filmes e vídeos, mas essa sou eu. eu (ainda) me dou ao direito de controlar pelo menos esse tempo da minha vida, visto que outros já são controlados por outras pessoas e aplicativos.
ainda sabemos esperar?
nessa conversa aí de cima, comentei com minha amiga que meu grande aprendizado dos últimos tempos tem sido respeitar a limitação do Claude em sua versão gratuita. afinal, como eu não pago, a IA simplesmente para e me diz "seu limite estourou, volte tal horário".
sim, eu poderia levar a demanda e terminá-la, sei lá, no ChatGPT, pro Gemini, pro Deekseep. citei as IAs pra lembrar que existem várias. mas, ao contrário disso, eu realmente espero esse tempo, porque sei que ali esse resultado em específico será melhor, mais completo, mais correto.
se eu faço isso com a IA, eu também tenho que fazer cada vez mais com as pessoas.
vem comigo que eu tenho algumas questões pra gente refletir, pelo bem da nossa saúde mental e física:
por que tentamos acelerar o tempo do coleguinha com a nossa urgência?
a gente precisa mesmo mandar um e-mail e correr pra mandar um zap avisando o destinatário?
e quando a pessoa não responde, precisamos mesmo do recurso de ‘tremer tela’ do MSN?
seria tempo a palavra da vez? afinal, nos empenhamos tanto pra produzir mais em menos tempo e, em simultâneo, nos preocupamos tanto em fazer o tempo parar (de ter efeitos no nosso rosto, cabelos, corpo)
nosso mundo realmente vai acabar se deixarmos de olhar o celular enquanto assistimos a um filme? ou podemos nos dar esse tempo?
e pra fechar, a pergunta de milhões:
caiu aqui de paraquedas? oioi, eu sou a Poli! 👋🏼 jornalista por formação e cachorreira por paixão, sou estrategista e consultora em presença digital para marcas e pessoas. também sou professora e criadora de conteúdo sobre comunicação e marketing, especialmente através do digital. curiosa sobre as novas tecnologias e seu impacto nas nossas vidas - sobre as quais, inclusive, busco ter um olhar bem empático e humano - sou co-host do podcast Qual é o BO?.
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